Por: Anna Karin Bjornsdotter Lindquist
psico-sócio-terapeuta e professora sueca Millennium Línguas Moema
Como parte do ensino-terapia que usamos, mostrei numa das minhas aulas de inglês na Millennium Línguas o quadro de Catinari (ao lado). Pedi aos alunos que explicassem, (em português e em inglês, na medida do possível), o que eles entendiam da pintura.
Para que pudessem compreender melhor o significado da tela, estudamos e discutimos, em português e inglês, alguns textos da Psicanálise Integral de Norberto Keppe (criador do Método Psicolinguístico Terapêutico Trilógico utilizado em nossa escola). Esses textos sobre psicopatologia (a seguir) são muito relacionados à obra de Catinari:
1) “O ser humano só percebe que é parado quando se põe em ação, só vê o quanto é pecador quando se torna virtuoso – e o contrário também é válido: o indivíduo preguiçoso se vê superativo, o mentiroso se julga sincero, o agressivo acredita que é de paz – assim como o demônio se acha angelical, e o facínora um doador de bens”.
2)“- Acabei de realizar o trabalho e fiquei parado até agora, disse o cliente em sua sessão de análise.
- Por que acha que parou? perguntei.
- Parece que tenho medo de pegar outros trabalhos.
- Parando, o sr. pensa que não comete erros.”
Depois de lerem e discutirem esses textos, os estudantes logo notaram o seguinte: a pessoa que aceita se ver com problemas (figura do Adônis, à direita da tela), recupera a saúde, conserva-se bonita, inteligente e tranquila. É claro que aprenderá com muita facilidade.
Já a pessoa que se idealiza, ou seja, quer se ver como perfeita, sem defeitos (figura da esquerda) comete muitos erros, se enfeia com o tempo (podendo adquirir um aspecto monstruoso) e, obviamente, fica muito desagradável. Além de não conseguir aprender quase nada.
A figura do centro (inspirada no quadro “O Grito”, de Eduard Munch) mostra a atitude do indivíduo desesperado porque não quer ter contato com seu interior psicológico.
A conclusão sobre esse belíssimo quadro de Catinari (que o pintou inspirado na Psicanálise Integral) é que precisamos aceitar ver com calma nossas falhas, para poder corrigi-las e termos sanidade, na medida do possível. Só assim seremos bem sucedidos no estudo e no trabalho.
Os alunos relataram que se acalmaram bastante ao perceber isso, e aprenderam inglês com mais facilidade, ao discutirem esse tema no idioma estudado. Alguns estudantes disseram que estavam tão empolgados com o assunto que nem notaram que estavam falando em inglês, ficando surpresos com o resultado.
Como o leitor pode notar, esses trechos do livro de Keppe, ilustrados no quadro de Catinari, acalmam-nos, ajudando-nos a encarar com serenidade nossos problemas para nos desenvolvermos, e nos motivam a ler, ouvir, falar e escrever em outro idioma. Eles revelam que quando o ser ser humano está no bem, numa ação verdadeira, bonita e boa consegue ver os próprios erros e, se aceitar essa consciência, pode evoluir. Também mostram que nós paramos nossa atividade, muitas vezes, porque desejamos parar de ver nossas falhas – mas aceitando vê-las conseguimos ter uma alta produtividade.
Este é um pequeno exemplo de ensino-terapia praticado na Millennium Línguas que, de acordo com relatos dos próprios alunos, os tem ajudado a melhorar no estudo, no trabalho, na redução do estresse, nos relacionamentos e na vida em geral.
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